Fala, seus lascadores de galináceos! Vamos falar sobre tabu e freguesia: a última vez que o Bahia perdeu para o ex-rival, jogando como mandante pela Série A, foi em 1991. O presidente do Brasil era Fernando Collor, Gorbatchov ainda governava a União Soviética, não existia internet e nem celular. Então, podemos resumir: freguesia histórica.
Chegamos mais cedo na Fonte, e meu filho ficou assustado com o mar de gente subindo a Ladeira da Fonte. Entramos no estádio e o clima era maravilhoso, mostrando que não precisamos da torcida adversária para fazer a festa. Foram 47.796 Tricolores no Estádio. Deixa eles lá e nós cá.
O juiz apitou e, com um minuto de jogo, Jean Lucas foi expulso por dar um murro idiota nas costas do cara. Lembrei que, no último Ba-Vi, eles falaram muito que Everton não foi expulso, e por isso perderam. Pronto, vamos lá: joguem com um a mais para ver se conseguem equilibrar a partida. Mas a diferença técnica é abissal.
Ceni teve peito para não mudar a equipe e apostou na qualidade do seu meio de campo. E deu resultado. Aos 22 minutos, Gilberto toca para Everton Ribeiro, que finge um cruzamento e corta o marcador. O cara que marcava Caio sai para marcá-lo e abre o espaço. Everton toca para Caio que, sem marcação, domina rápido e me fez lembrar Zé Carlos cruzando para Bobô brocar Taffarel em 1988. Pulga — 1,69 m — engana o marcador e sobe mais alto que o lateral-direito deles, de 1,80 m. 1×0.
Apesar do homem a menos, o primeiro tempo foi muito tranquilo para o Bahia. Tocando a bola no melhor estilo Bahia City.
VIRA O LADO
Como o time terminou bem, Ceni trocou só Lucho por Tiago no intervalo, surpreendendo todo mundo. Mas os caras mudaram e foram para cima. Tomaram a posse de bola, as ações, e começaram a incomodar. Para piorar, o Tricolor começou muito mal o segundo tempo. Aí veio o combo de coisa ruim.
Os caras tiveram umas três chances claras para empatar, nesse abafa. Mas é o que venho dizendo: o time deles é ruim.
O gol de empate deles veio numa cobrança de falta na pequena área. 1×1.
Depois, tiveram a chance de virar, mas a trave e Marcos Felipe impediram.
Ceni muda: entram Acevedo (para agradar a torcida) e Michel Araújo (para compensar o agrado). Mas antes que a gente xingasse muito o nosso treinador, veio o lance que fechou o caixão rubro-negro.
O fantástico Erick Pulga sai arrastando o marcador até a linha de fundo e toca para Tiago, que briga com o zagueiro. A bola sobra no pé do zagueiro deles, mas Acevedo se joga num carrinho para evitar a saída. Michel chuta, a bola bate na zaga. Tiago volta para o campo para sair do impedimento. Acevedo acredita na bola e vai brigar de cabeça para trás. Tiago (já em posição legal) tira a bola do pé do zagueiro e do pé esquerdo de Michel, mas ela sobra para o direito. Ele bate caindo, desvia na zaga e entra. O Bahia, com um a menos, chutou duas vezes no gol e marcou as duas. Eles chutaram oito e só fizeram um. Resultado: Bahia com 10, 2×1 no ex-rival.
BORA BAÊA MINHA PORRA!
Números do Bahia em Bavis, de acordo com Yuri Santana, do Canal do Puco: são apenas 4 derrotas nos últimos 28 jogos, e como mandante só perdeu 1 jogo nos últimos 16 clássicos. Estamos há 11 anos sem perder pela Série A. Isso não é rivalidade, é disparidade…
Dessa vez não foi mamão com açúcar, mas o resto da música está valendo. A expulsão condicionou o jogo, e o Tricolor valorizou demais a posse para não dar chances ao adversário. O tabu segue mantido e rumo aos 35 anos (se eles se mantiverem na Série A em 2026).
Bahia entra no G6 e os ‘elax’ seguem guardando a portaria da Zona. Como falei no outro texto: não sobrou pena sobre penas.
Agora, são 37 jogos, 20 triunfos, 11 empates e 6 derrotas, em 2025. E ainda tem gente achando que está tudo errado…